sábado, 5 de fevereiro de 2011

Discurso Nome de Turma


Discurso Formatura 2ª Turma Uniban, São José-SC

Ilustres componentes da mesa,
Prezados professores e funcionários,
Senhores pais, familiares e amigos,
Meus queridos formandos,
Boa noite.

Quando do convite, o primeiro impulso foi declinar a tarefa em razão da minha distância. Porém, não quiseram os formandos rever a indicação inicial e aqui estou. E em boa hora tal se deu, tenho disso firme convicção, pois posso apresentar minha emoção de falar de quem só sei e só quero o bem. Não posso continuar, portanto, sem antes agradecer pelo carinho com que vocês me distinguem e pelo privilégio de associar o meu nome à contemplação de significativa conquista por parte da turma.

O gesto deste discurso é para mim um gratificante exercício de memória. Quero fazer o tempo andar para trás e voltar a viver aquele momento em que, vai para quatro anos, iniciava a minha jornada nessa Instituição que à época denominava-se diversamente. Ao adentrar em sala de aula tive a certeza, como diz o Evangelho, de que não há como esconder uma luz. Os olhares, novos e experientes, com brilho e fulgor, eram intensos e marcados pela ambição.

Essa última palavra, corretamente usada, significa criar seu próprio caminho na vida. A trajetória que seguramente vocês estão predestinados a seguir para alcançar o que acreditam e almejam deve ser feita sem espaço para desigualdades, preconceitos e exclusões, sem ganância exagerada, sem egoísmo. Vocês serão muito pequenos ao se imaginarem superiores aos demais. Não cometam esse erro na profissão que escolherem seguir. Pautem vossas carreiras com atos de nobreza e sejam humildes. Vocês serão sábios ao serem simples. E recordem que o valor do ser humano e de ser humano é primordial e é o que deve ser sempre exaltado.

As impressões positivas da turma se foram avivando e consolidando com o passar dos dias. E foram muitos os dias, ou melhor, as noites. Foram dois anos de noites. Tenho certeza que algumas noites foram mais difíceis, com insonia, em especial àquelas que precediam as provas de direito penal. Que pesadelo! É amanhã! E aquele insuportável não deixará usar o código! Sim, em dia de prova, esse nome de turma era lembrado por tantos nomes, alguns até indesejados. Mas saibam que privá-los de consulta às anotações e às leis apenas fez surgir uma qualidade que para mim é fundamental, sobretudo, no direito: solidariedade. Vocês são grandes pessoas, pois não existe atitude mais nobre do que compartilhar conhecimento, ainda que seja feito de forma extremamente perigosa. Foi essa a razão pela qual eu não puni quem se arriscou para ajudar o semelhante desesperado durante uma avaliação. Porém, devo mencionar que os campeões de cola, também eram os campeões na arte de não saber colar. Mas não citarei nomes!

Também devo ressaltar que o fato de serem grandes pessoas não significa que alcançarão de forma imediata seus objetivos profissionais. Todos sabem como seguiram o curso e o quanto de dedicação lhe foi outorgado. Se para sagrarem-se vencedores for necessário recomeçar, que assim o façam. Se não tiverem coragem para recomeçar estarão desistindo de vossos sonhos e isso não poderá acontecer. Existe em cada qual a capacidade de realizar tudo o que vos cerca. Recordem que não há como esconder a luz. Por isso prometam que não irão desistir e que vão lutar até conseguir. Saibam que o sucesso não existe sem nossa ajuda e quem o alcança só dá um passo a mais, isto é, é perseverante. Tenham muita força, vontade, coragem e fé. Nada nessa vida se consegue sem sacrifícios. Jamais desistam da felicidade. É a melhor forma de viver.

Enfim, não há como não se emocionar sabendo que hoje é a última noite. Essa, porém, não é a noite mais difícil. O mais difícil foi abdicar do meu dever de ensinar para continuar com a minha vontade de aprender. Naquele adeus, deixei parte do meu coração com meus amigos e quem me veio fazer companhia e preencher o vazio foi a saudade. As lágrimas da despedida, como em “O Homem que veio da Sombra”, representaram um pedido do coração aos olhos para que falassem por ele. Se naquele dia foram as palavras cortadas pela emoção, hoje é a emoção que enaltece as palavras. Tenham certeza de que estou mais feliz do que honrado, pois como falava Barthes, a honra pode ser imerecida, mas a alegria nunca o é. E que alegria tenho em revê-los e afastar a saudade que me fez companhia por longo tempo. Muito obrigado por me proporcionarem esse momento mágico e inesquecível.

É difícil resumir cinco anos em cinco minutos e é provável que tenha superado o tempo. Como não posso pará-lo, também dele não vou abusar. Já foram muitas as emoções. Resolvi falar com o coração e espero que guardem essas palavras no coração. Vocês foram, são e serão sempre incríveis. É por isso que desejo apenas o melhor, como os pais desejam o melhor ao filho quando escolhem o seu nome. Enfim, hoje foi como no primeiro dia. Aliás, melhor: vejo o brilho e o fulgor não apenas em vossos olhos, mas nos olhos de todos aqui presentes. Realmente a luz não se esconde. Contem sempre comigo! Muito obrigado.


Um comentário:

  1. Colega Leonardo, amigo e parceiro de jornadas academicas...

    Admiro muito a tua precisão ao discursar e o modo como enlaça o pensamento e as emoções do momento - precioso para formandos, familiares, amigos e nós professores.
    Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra, e daí por diante.
    Sucesso aí na terra dos meus antepassados.
    Abraço!
    Jane

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