sexta-feira, 1 de julho de 2011

Saber Ganhar e Saber Perder

Bom texto do Professor Zainaghi

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Após a brilhante vitória do Santos sobre o Peñarol na noite do último dia 22 de junho, no Pacaembu, em São Paulo, o campo de jogo se converteu numa arena de batalha, com jogadores e membros das duas equipes se agredindo numa pancadaria generalizada.

Tudo começou, pelo que se viu, com uma agressão verbal de um suposto torcedor santista dirigida a um atleta do Peñarol, que se mostrava inconsolável pela derrota. Este rege à suposta agressão partindo para cima do agressor. Os atletas do Santos, vendo uma pessoa com o uniforme do clube, partem em defesa desta, e começa um deprimente festival de chutes, murros, empurrões e tapas para todos os lados.

Assisti à final da Champions League, e vi, no final da mesma, um show de cavalheirismo dos atletas do Manchester, e, sobretudo de seu técnico, que reconheceram a superioridade do Barcelona.

O que devem ter pensado os europeus quando viram a selvageria sulamericana na final da Copa Libertadores, a equivalente à Champions League?
Certamente devem ter pensado que a América do Sul continua subdesenvolvida, e pior, é num país como o esse que vamos ter de disputar uma Copa do Mundo daqui a três anos.

Cada vez mais me preocupo com a realização da Copa do Mundo em 2014. Não estou entre aqueles que torcem para que tudo dê errado. Pelo contrário, torço e trabalho para que a Copa seja um sucesso.
Entretanto, forçoso reconhecer que o medo europeu tem fundamento.

A venda de ingressos para a final da Copa Libertadores foi um desastre. Há uma lei penal proibindo a venda de ingressos por cambistas, mas estes agiram tranquilamente, chegando a cobrar preços cinco vezes a mais do que o valor do ingresso.
E pior. Muitas pessoas que adquiriram ingressos não entraram no estádio.

Torcedores do Peñarol foram agredidos na chegada ao Pacaembu, tendo os vidros de dos ônibus da torcida uruguaia quebrados, o que será amplamente divulgado pelo mundo, e certamente será motivo para que muitos torcedores estrangeiros não venham ao nosso país para acompanhar a Copa.
Voltemos ao tema central deste artigo.

O Peñarol não soube perder, porque reagiu a uma agressão verbal de um ignorante, com agressão física, o que levou a um tumulto generalizado.

O Santos, por sua vez, não soube ganhar. Permitiu que um torcedor entrasse no gramado para agredir verbalmente os atletas adversários, e, pior, os atletas santistas e membros da comissão técnica e seguranças participaram da briga, quando o correto seria repreender, ou até levar o agressor para as autoridades policiais.

Causou-me surpresa as declarações do atleta Léo, da equipe santista, que disse “ganhamos na bola e no pau”, como se isso fosse bonito.
E por fim. Na Vila Belmiro, um grupo de torcedores, dentro do gramado levantou uma faixa agressiva aos torcedores corintianos, que nada tinham com a final da Libertadores.

Enfim, provocação barata que só serve para enaltecer o adversário e causar ressentimentos que só levam a mais violência.

Saber perder é uma virtude, mas saber ganhar é sábio. Infelizmente, nenhuma coisa nem outra se viu nessa maravilhosa vitória santista.

No final, o mais sábio de todos foi o garoto Neymar que disse, quando viu a pancadaria, agora não é hora de brigar, mas de comemorar, deixa isso prá lá. Isso mesmo mostrou que é gênio com e sem a bola nos pés.

Parabéns Santos, pelo título merecido, e que os episódios dessa partida sirvam de exemplo para nós que vamos organizar a próxima Copa do Mundo. Conquista-la é possível, mas perder também faz parte. Preparemo-nos para ambas.

Por:
Dr. Domingos Sávio Zainaghi
Advogado, Doutor e Mestre em Direito do Trabalho pela PUC de São Paulo, Pós-doutorado em Direito do Trabalho pela Universidad Castilla-La Mancha-Espanha, Professor de cursos de graduação, especialização e mestrado, Coordenador da Pós-Graduação em Direito Desportivo pela Escola Paulista de Direito – EPD, Jornalista, Pós-graduado em Comunicação Jornalística pela Faculdade Cásper Líbero, Presidente da Asociación Iberoamericana de Derecho Del Trabajo y de la Seguridad Social, Presidente Honorário do Instituto Iberoamericano de Derecho Deportivo, Ex - Presidente da Comissão de Direito Desportivo da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo, Patrono da Comissão de Direito Desportivo da Subseção Pinheiros da OAB/SP, Diretor da Comissão de Direito Desportivo da Associação dos Advogados Trabalhista de São Paulo, Autor de 17 livros jurídicos e de dezenas de artigos em revistas nacionais e estrangeiras, Membro da Societé Internationale du Droit du Travail et de la Securité Sociale, Membro do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo e Membro da Academia Paulista de Direito - Cadeira nº 27.

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